sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Obsessor

Toda noite, após duas taças de vinho, bom e barato (no mínimo) sou tomado por um espírito obsessor e escrevedor, que me obriga a uma performance literária de baixa qualidade, que eu sem nenhum senso crítico exibo à amigos literatos profissionais, que depois de ouvirem cometem uma pausa significativa como se pensassem "não acredito em tamanha imbecilidade", e com uma voz completamente sem consistência e carácter pronunciam balbuciante "muito bom, Tonico" e eu sacando tudo, mas com a compreensão de um asno atolado em merda, consigo até acreditar. Pós isso tudo, e sem tomar nenhum remédio para dormir, me dirijo para cama feliz, não antes de cumprir mais uma missão deste obsessor, que me possui todas as noites (de forma literária), passo no banheiro e dou uma mijada e na enorme quantidade de mijo expelido, vislumbro o obsessor indo embora, se misturando com a água da privada. Dou a descarga e ele grita "Boa noite, Tonico. Amanhã, se tiver vinho eu volto".

Pretenso conselho de um pretencioso convicto

A pretensão é importante para o desenvolvimento do homem (sem hipocrisia), mas na media certa, sem excesso; quando ultrapassa o bom senso e se expõe além dos travesseiros é apenas um penduricalho que levaremos através da vida, que terá ambém corrompido a nossa auto-crítica, nos fazendo perambular como ridículos, sem noção. Portanto, sejamos pretenciosos sem hipocrisia, mas não a explicitemos nem em sonhos recônditos.