quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

2012

2012 se aproxima, assim como se aproximaram 2011, 2010, 2009... e eu tento me renovar mais uma vez dizendo as mesmas palavras velhas, mas,acreditem, com toda a sinceridade:
FELIZ ANO NOVO!



TONICO PEREIRA.

AMIZADE


A amizade se solidifica cada vez mais na distância do que na proximidade, tenho exemplos variados que constatam isso. E nem é uma ideia original desta minha cabeça confusa, não, já ouvi várias pessoas falarem e se referirem a isso de forma tão poética que o encontro entre dois amigos, após anos sem se verem, acontece com uma intimidade como se juntos morassem sem que nunca tivessem se separado. Esses raros encontros são verdadeiras poesias concretas, com seus toques, beijos, abraços e, fundamentalmente, neste momento, constato o amor maior, e ele se dá na minha casa, na minha sala, quando se encontram Marina (minha mulher) e Denise, e eu, humildemente, me ponho de longe a observar na esperança de que me sobre algum amor desta relação. Alô Denise, alô Marina! Olhem pra mim...
Amém.
T.

COLETIVO, COM RESPEITO AO INDIVÍDUO, BEIRA A PERFEIÇÃO


Desde a vitória do Barcelona e, por conseguinte, a derrota do Santos (a redundância é em homenagem a nossa crônica esportiva), acentuou-se em mim um pensamento que já existia há algum tempo, mas que se solidificou a partir daí. Não entendo como a crônica esportiva acalentava alguma esperança de um resultado outro que não fosse a derrota do Santos. Meu Deus, o resultado não poderia ser diferente! Motivado não pelo o que críticos do pós-jogo tentam nos enfiar goela abaixo, mas por um fato que transcende o futebol e habita muito mais uma sociedade deformada pelo individualismo, em que o que conta para um jovem jogador de futebol é aparecer para as câmeras televisivas, ora em solos deprimentes ora em coreografias ainda piores, com a certeza de que estarão sendo filmados e fotografados, alimentando os seus poderes de mídia e, por conseguinte, de contratos fabulosos. Pois é, isso acontece em qualquer gol de qualquer time no Brasil. Engraçado, não vi nada disso nas comemorações dos vários gols do Barcelona, vi apenas abraços solidários de um time que fez um gol e não de um jogador solo. E olha que este time tem o melhor jogador do mundo no momento, que em hora nenhuma exerce essa qualidade se colocando acima dos colegas. Se abraçam como um corpo só, dormem em quartos iguais. Assim como no teatro não pode haver uma relação hierárquica entre os atores, no futebol isto também deve acontecer e, então, vemos a maturidade coletiva e individual do Barcelona sobrepujar com sobras o canhestro solo dos brasileiros desestruturados por uma sociedade que só prega o lucro e o estrelato, em detrimento de uma ação conjunta e solidária. Afinal, futebol, teatro e vida não existem se todos não derem as mãos e juntos conquistarem...
Tonico...

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011


Eu fui para o TEATRO para amar as meninas,
SERGIO BRITO me ensinou a amar o TEATRO!!!

Salve 2012, com a energia do SERGIO!!!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

CONTA GOTAS


Escrever ou não escrever? Esta é a pergunta que me imponho todo dia que não escrevo, afinal, sempre que posso escolher, escolho o prazer ao invés da obrigação, e quando faço alguma coisa que vai ao encontro a minha satisfação absoluta ressurge em mim uma fera enjaulada, capaz de atacar com unhas e dentes qualquer imposição que tente me subjugar. Estava até agora, dia 16/12 (após inclusive uma internação pulmonar), sem nenhum assunto que me motivasse erguer uma caneta e ferir o papel com algumas ideias, simplesmente não as tinha, e ao não tê-las estaria sofrendo, profundamente infeliz, se me forçasse, mas eis que hoje, véspera do aniversário de minha mulher, Marina, isto é motivo suficiente para saudá-la com uma crônica, claro que mal escrita, mas movida pela dádiva que ela me oferece em conta gotas todos os dias desses meus anos. Quando falo em conta gotas, não estou acusando-a de sovina ou miserável, apenas atestando que conta gotas é uma medida e que ela tem essa precisão de não exagerar em suas doses de amor diário, o que poderia transformar nossa conviência num estado de guerra constante, não, ao contrário, ela, sábia que é, me serve uma dose sempre comedida de amor, o que me faz querer sempre mais no outro dia. E vamos… ela me dando doses precisas e eu recebendo as daquele dia já pensando no dia seguinte (exagerado que sou) e isto me dá a perspectiva de um amor diário, sem exageros, que posso vislumbrar como um amor pra sempre. Parabéns Marina, e obrigado pelas doses diárias de amor.

Tonico.

PS. Olhem só, não sofri com este assunto.

TROCA DE ENERGIAS

Não tenho muitos prazeres, é difícil pra mim me encontrar numa situação de prazer. Curiosamente tenho alcançado essa situação quando preparo um colega ou mesmo um futuro colega nas idiossincrasias de dizer um texto de forma rica e comunicativa. Os méritos não são meus, são deles. A única coisa que arrisco dizer advém da minha influência de tirar deles mesmos as possibilidades que eles trazem dentro de si, ou seja, a liberdade que todo homem tem de se expressar sem os limites impostos por um mundo que nos cerceia que trava. Não, interpretação é este espaço conquistado dentro de nós mesmos de forma consequente e fluídica que nos leva, sem dúvidas, a apresentar um personagem amigo a quem nos assiste de forma amigável e com isso chora e ri com esse ser tragicômico que é o homem no seu dia a dia. Neste momento estou em casa esperando mais um ser humano para trocarmos nossas energias criativas, para expormos cada vez com mais sabedoria esses nossos amigos chamados personagens. Merda pra nós!

Tonico.

PS. Estava esperando chegar o colega e não resisti em justificar por que gosto tanto desse momento que irá acontecer… Epa! Ele chegou, deixe eu esconder estes papéis...

domingo, 4 de dezembro de 2011

COMEMORAÇÃO OU ABERRAÇÃO?


Quando assisto a uma partida de futebol,
torço pelo 0 x 0.

Explico: muitos insistem que o futebol evoluiu, discordo, acho que o que evoluiu foi o preparo físico dos jogadores, são 22 gladiadores (raras exceções) se atropelando sistematicamente, onde a poesia do futebol foi jogada pra escanteio, mas toda essa visão é só minha, pode ser contestada e provado que estou errado.

Mas quanto a torcer pelo 0 x 0, é que por mais bonito que o gol possa acontecer, o pior vem depois, a comemoração. Esta sim, tenho certeza, não evoluiu. O que a nós é oferecido é um espetáculo ridículo, com coreografias canhestas, e sempre endereçado à câmera de televisão mais próxima. Os jogadores, normalmente, esquecem a força da multidão que os aclama com o elogio suado e, muitas vezes, sacrificado para estar ali ao vivo vendo uma comemoração que não lhes é destinada, mas sim a aparelinhos que os cercam, deformando uma comunicação que ao vivo seria muito melhor e visceral.

Portanto, solicito que as emissoras captem as torcidas no momento glorioso do gol, e os jogadores também, quando comemoram com todos e com a torcida principalmente, sem coreografias sem sentido, ou ataques a lentes de forma imbecil. E que os jogadores se sintam após um gol como um mestre sala saudando a galera, e dividindo com ela a alegria do gol. Então, assim, irei aos estádios não torcendo pelo 0 x 0, mas para que os gols aconteçam e eu esteja junto como participante da euforia poética deste momento.

Tonico.

COMEMORA!!!

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

LIÇÃO AMAZÔNICA

Nem mesmo sei se é assim mesmo que a cultura no Amazonas é tratada, mas se for, como me garantiu o secretário Robério Braga, estaríamos vivendo uma realidade em que até os sonhos mais otimistas não teriam coragem de se exibir nos nossos sonos mais profundos.

Vamos lá, trata-se de um secretário que ocupa esse cargo há 15 anos (30 de serviço público), resistindo a diversos governos e partidos (PFL, PPS, PMDB, PMN, PSD), ou seja, podendo planejar e executar (como a contratação de músicos do leste europeu, sempre através de concursos que se dão a cada ano) sem ser vítima da política de Terra Arrasada, tão comum nos governos que conhecemos, onde ao assumir o poder, normativamente, abandonam projetos executados ou em execução, para começarem os seus, sem a grandeza de admitir que o que é bom deve ficar ou continuar. É isto um pecado econômico, e mais grave ainda, um pecado cultural, que vitimiza tão somente o povo, autor ativo e traído da nossa cultura.

Manaus não é assim (parece), tem um secretário que nos convida a um Festival de Cinema, que é capaz de tratar com honrarias um apenas coadjuvante do cinema nacional, com um currículo extenso, mas coadjuvante com muita honra (eu). Este mesmo secretário nos leva ao Museu do Homem do Norte, que guarda com importância e carinho o acervo de Noel Nutels, ou seja, acervo voltado para a preservação da cultura do povo indígena e tratado com o mesmo carinho ofertado no mundo aos acervos de Picasso, Van Gogh, entre outros. Com limpeza, aclimatação e verdadeiro respeito.

Tive a chance de visitar duas ocas feitas autenticamente por indígenas. Construídas com indicações do Sol e da Lua, ou seja, das suas culturas tão mais avançadas que a nossa. Ouvindo o relato do guia pude conhecer o mais lindo ritual de casamento, destes em que até eu me casaria. Vou tentar descrever: uma oca (oval), de um lado a entrada dos homens, do outro, a entrada das mulheres (isto no cotidiano e também no dia do casamento). A noiva se posta a cem passos da sua entrada e o homem também da sua. A cada passo dado pelo casal, ao encontro das suas expectativas casamenteiras, cada um tem de dizer um motivo pelo qual está se casando (não vale repetir), e quando chegam ao meio da oca, enfim se casam, mas não com uma assinatura, um sim, um beijo. Não, eles nus transam na frente de toda a aldeia, inclusive as crianças. Chego a imaginar, isto é que é compromisso.

Sendo assim, senhores políticos e respectivos partidos, entendam tudo isso como uma aula de administração pública e deixem no Amazonas o secretário de cultura desempenhar, com verdadeira eficiência, por mais 15 anos as suas funções. E que isso sirva de exemplo a todas as administrações estaduais e federais. Deixem que um apartidário e profissional desenvolva o trabalho que precisa ser feito para a preservação da nossa história.
Olha, e tem mais, muito mais!)

Amém.
Tonico Pereira.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

LAGOA

Reluto em aceitar, nego e renego, mas não tenho como escapar, sou um dos poucos privilegiados que habita este mundo cheio de fronteiras, quando o mais justo seria o contrário. A qualquer hora do dia, vou até a minha janela e me deparo com um enorme e lindo espelho emoldurado por um Rio de Janeiro alegre a nos oferecer um espetáculo de contemplação inigualável. Diante deste espelho cotidianamente faço a pergunta: - Existe paisagem mais bonita do que esta? E a Lagoa Rodrigo de Freitas, toda orgulhosa e faceira, responde com o suave marulhar de suas águas: - Não existe e jamais existirá. E só eu ouço, só eu compreendo, e privilegiado que sou, ergo um brinde com vinho B&B (bom e barato) à saúde deste postal e vou dormir feliz... ou, quem sabe, fazer um sexo gostoso. E, se a minha mulher me permitir, assoprarei no seu ouvido para fazê-la ciumenta: - Eu te amo, minha lagoa!

Tonico.

Entrevista com Fernando Faro

http://www.youtube.com/watch?v=i1nHSK8-u_k&noredirect=1

Serviço de utilidade pública

Está na hora do seu vestibular? É sério!

Tonico e Goytacaz no Corujão do Esporte da Globo

http://goytacaz.com.br/novo/?p=1069

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Meus agradecimentos ao ator/poeta Igor Cotrim


“Tonico Pereira,
Ator com eira, beira e sobreira. Talento de sobra por toda sua obra. Já foi Rei, já foi Palhaço, Beltrano, já foi o Delegado Paixão. Itaparica no Caramuru dos outros, é refresco Mermão. O mais querido amigo da onça, Lineuzinho, é o Mendonça. Zé Carneiro não em pele de cordeiro, mas em pele de lobo da estepe. Mas não é sobressalente, pois sobre essas lentes das câmeras do cinema e da TV e principalmente das retinas de quem no teatro o vê, Tonico da a Tônica e com seu ar pagão nada Avarento nos presenteia com seu enorme talento. Atravessa barreiras, quebra os paradigmas, de forma forte, pungente e leve, afinal é um Analfabeto que escreve. Amor Real pela profissão, Tonico nos faz rir, chorar, redemoinho de emoção e pelo Amor de Marina, Nina e Antônio fica Cego e grita:
Luz, Câmera, Ação!”

Igor Cotrim, meus agradecimentos pelas palavras poéticas escritas em minha homenagem e ditas pelo próprio no VIII Festival de Cinema de Manaus.
Manaus, 05 de novembro de 2011.

CARTA ABERTA - como pedir desconto

Aos cuidados de
$$$
Diretora do $$$$$


Cara $$$,

Meu nome é Tonico Pereira e sou ator, sinônimo de irregularidade financeira. Minha mulher, a Marina Salomon é bailarina/atriz/professora. Marina, diferente de mim, possui uma regularidade absoluta nos seus ganhos, ou seja, ganha muito pouco, sempre. Esse pouco representa, aproximadamente, 3% do nosso orçamento mensal.

Assim, tenho que trabalhar o nosso presente, para que durante as “secas”, quando falta trabalho, o dinheiro ganho na safra seja suficiente para vivermos com alguma dignidade na entre-safra.

Por isso, solicito a você, diretora do $$$$$, que nos conceda um desconto nas mensalidades que iremos pagar, já que nossa saudável fertilidade nos deu, de uma só vez, um lindo casal de gêmeos - o Antonio e a Nina -, hoje com seis anos e caminhando para o Segundo Ano do Ensino Fundamental.

Será um prazer vê-los estudantes do $$$$$, escola que, na sua prática, ainda preserva muito dos ideais de Therezinha, pessoa querida que conheci de perto e com muita admiração.

Desde já agradeço sua atenção.

Um forte abraço,
TONICO.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Aderbal = Teatro

Aderbal, Aderbal, Aderbal, texto, direção e atuação, e isso faz de “Depois do Filme” um acontecimento de excelência! Que nós, que gostamos do simples - e sabemos o quanto ele é difícil de ser alcançado - ficamos hipnotizados com este gesto teatral, absolutamente puro, derivativo de um ser que domina com sabedoria todos os ingredientes do teatro, e faz dele e nele um ato de doação absoluta ao ser humano, que somos todos. Embora alguns de nós nos esforcemos para não atingir essa plenitude, ela existe sim, num teatro simples, num gesto simples, numa doação simples que só um verdadeiro homem de teatro pode oferecer, para o delírio íntimo, interno, de uma plateia que reflete com ele nas suas invencionices prazeirosas, com um domínio que nos faz ir junto com ele, fazendo o texto, dirigindo e atuando. E isso nos completa, nos completa como um só organismo vivo e pulsante dentro de uma sala, graças à doação de Aderbal. Portanto, assim como ele, somos homens também.

E deu-se o teatro. Obrigado, Aderbal!

Amém.

domingo, 23 de outubro de 2011

ORAÇÃO DA MADRUGADA

É madrugada, só eu estou acordado no mundo.

Não, não, os carros passam lá fora, eles também estão acordados, minha mulher estuda no quarto, ela também está acordada. Portanto, de todos os acordados no mundo, só eu penso que sou o único que ainda não dormiu. Crio ideias que justifiquem o meu estar acordado e espero que elas desistam de mim e me deixem dormir em paz. Não é, entretanto, o que acontece.

Bebo mais uma taça de vinho e imagino o relaxamento que uma pós trepada me dá… Tenho esperança de que alcançado esse relaxamento, enfim, minha cabeça me libere para dormir. Nada disso acontece, me excito outra vez e essa excitação não me leva novamente ao gozo, mas apenas a ficar mais acordado. Ligo a televisão e então não vejo, nem ouço nada, talvez, quem sabe, eu tenha dormido e não saiba, quem sabe?

Espero roncar em poucos segundos e isso me libertará, por certo, desta insônia desgraçada e improdutiva, assim espero!

Amém.

Tonico.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

ESTAMOS PERTO DAS 10.000 PENETRAÇÕES!

Haja viagra... (no meu caso particular)

Último resultado da pesquisa de campo realizada pelo Analfabeto que Escreve!

"HOMEM X MULHER"

Em caso de discussão do relacionamento,
faça com o pau dentro.

Resultado: ÓTIMO (garantido)
Para ambos os participantes.

Tonico!!

SE EU FOSSE DEUS...

Diria em causa própria:
Um acerto vale por 1 milhão de erros!
Por certo eu teria alguns míseros créditos...

Tonico.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Rumo às 10.000 penetrações!

Novos e Velhos companheiros do Blog, variados textos analfabéticos foram postados hoje, solicito a correção de vocês às minhas ousadas investidas literárias.
Tonico.

Sem vinho e sem libido eu não sou ninguém!

Antes de começar a escrever (à mão), fiquei observando durante um tempo interminável duas folhas de papel em branco diante de mim. Sem nenhuma perspectiva do que fazer com elas; muitas ideias me ocorreram, mas nenhuma que justificasse o desgaste de uma caneta e o gasto com papéis branquinhos e oferecidos. Até que me vem uma ideia, que é quase sempre atraente ao ser humano em geral e no meu caso particular muito atraente: sexo. E me ponho a imaginar a caneta como um pau e a folha como uma buceta. Tomei coragem e pus-me a escrever certo de que, em alguns minutos, atingiria um ápice delicioso e fundamental, quando menos, apenas um gozo literário, quando muito, elogios da mulher que amo, poupada esta noite dos meus sonos libidinosos e insistentes. Pois é, escrevo para me distrair. Na sala, diante da noite iluminada da janela do meu apartamento, me satisfaço literária e onanisticamente, consciente de que, pelo menos nesta noite, respeitei o sono da minha mulher. E me preparo para dormir com mais uma taça de vinho b&b (bom e barato) na esperança que a noite ou o dia de amanhã sejam menos literários e mais…

Tonico.

DROPS

A cada dia que passo fico mais longe da vida e mais triste também.

A vida é uma mordida, se nos faltam os dentes, acaba a vida.

Para alguns o centro do mundo se dá no seu umbigo e acaba quando esse mesmo algum morre, se é que ele é capaz de achar que vai morrer um dia.

Tonico Pereira.
O mundo que me desculpe, mas tenho poucas relações saudáveis com ele. A única coisa que me move de forma total são as palavras ação e gravando - ou entrar em cena no meu vital teatro - o resto é apenas uma perspectiva do nada, infundada, de alguém que não tem planos na vida e somente almeja a próxima respiração… Afinal, o homem sem projetos não frustra a ninguém, principalmente a ele mesmo, o que não significa que eu não produza, apenas não projeto, espero sentado o ar que me cabe neste latifúndio.
Tonico.

CAMISETA COMEMORATIVA

MATEUS SOLANO

Obrigado Solano, me deste a oportunidade de ver mais uma vez a pureza acontecer, onde não se encontram os interesses, mas apenas o amor (tesão, vontade e muito companheirismo). São vocês, Solano e Paula, vítimas deste acidente chamado amor, onde só prevalece o que há de melhor no homem, ou seja, o próprio homem vítima do seu destino ímpar, apenas e simplesmente o encontro, onde os corpos são preponderantes, mas as almas também, pois elas trepam, brigam, se atraem e, fundamentalmente, economizam para que não falte o de amanhã$. Conscientes/inconscientes de que a vida é apenas uma e de que somos criadores desta possibilidade acidental, através de um sorriso, de um olhar, de uma penetração e que ela será, inocentes que somos, uma perspectiva do sempre e para sempre.

Agradecendo o convite para testemunhar esse ato de vida,
Tonico.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

INSPIRAÇÃO INFLAMADA

Acho que todos sabem, mas vou repetir: meus escritos analfabéticos surgem de forma espontânea (quase psicografados) quando estou tomado pelos efeitos de um vinho B&B (bom e barato). Mais uma vez, estou impedido de saboreá-los (veja publicação de jan/2011), portanto, tem sido difícil pra mim escrever nestes dias. Então penso comigo mesmo, será que o que me impõe essa abstinência não me inspiraria a escrever, visto que os opostos quase sempre tem a mesma força, só que contrária? Pois é, ponho-me bem acomodado no vaso sanitário e redijo essas linhas, ora olhando, ora não para o espelho em frente, como se me perguntasse: será que no estado em que me encontro sou capaz de produzir pelo menos um pequeno texto com alguma capacidade reflexiva capaz de interessar a alguém? Ou este texto será apenas uma merda a mais produzida por essa abstinência inflamatória?

TonicO.

PAUMOLISMO / EU QUERIA CRER NISSO...

Quando a mulher olha para o teu pau mole e docemente sorri, certamente ela te ama. Cuidado, não tente uma ereção precipitada, aproveite a ternura do momento.

*Eu também tenho um pensamento complementar a este respeito, só que bem menos poético. Guardo para quando eu estiver com raiva da situação paumolística!

Tonico P.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

AOS PRÓXIMOS


Éramos jovens, éramos belos (grande vantagem, tínhamos 20 anos), éramos movidos pela incrível necessidade de mudar o mundo.

Tínhamos a opção de um sexo livre – racionalmente falando -, mesmo que emocionalmente tropeçássemos nos cordões umbilicais de nossas mães.

Tínhamos nossas musas, geralmente à frente de nossas filosofias e de nosso comportamento sexual (obrigado, Imara Reis).

De todas as nossas práticas, a que realmente conseguimos exercer em plenitude, pois só dependia de nós mesmos, foi a solidariedade, sem os limites do mesquinho meu, mas com a abrangência do nosso. Foi sem dúvida nossa vitória mais profunda e duradoura que nos permite hoje ultrapassar os limites de nossa idade, que impõe um sexo mais contemplativo e menos físico.

A semente da solidariedade cresce e cresce com a maturidade e com a experiência que os anos duros que vivemos não conseguiram nos impedir de acumular.

Como legado às gerações que virão deixamos a experiência de muito sexo e muita solidariedade.

Façam bom proveito, são os votos dos novos velhos que, a partir de agora, iniciamos o processo de despedida (que espero muito longa), com o desejo de nunca estarmos completamente ausentes no futuro.

Geração 1960/70.

By Tonico P...

Da série: TONICO PEREIRA – UM ATOR IMPROVÁVEL
UMA AUTOBIOGRAFIA NÃO AUTORIZADA
Pg.417.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

O HOMEM MEDÍOCRE É O ÚNICO COM POSSIBILIDADE REAL DE SER FELIZ!


A maior prova de amor que um homem pode ter é ser amado por sua intrínseca mediocridade. Daria todo meu resto de vida dedicado a mediocridade, se fosse por ela amado, mas não sou, e sofro, sofro inimigo de mim mesmo, por não ser um medíocre. Então, como aferir o amor se ele só existe a partir da minha incrível facilidade (?) de fazer personagens, pela minha incrível possibilidade de pensar e acrescentar pensamentos aos já pensados pensamentos? Quero a mediocridade como meta a ser alcançada e aí sim saber que sou amado, e por ela sou amado apenas por ser medíocre, sem nenhuma benesse das vitórias, apenas pela incapacidade latente que me habitaria. Ah, como sonho em ser medíocre, sem a capacidade de pagar um aluguel, sem a capacidade de pagar o plano de saúde, sem a capacidade de pagar o colégio dos filhos. Será que já fui amado assim? Hoje, venderia minha alma ao diabo (se existe) para alcançar a minha presunção absurda: ser amado por minha singela mediocridade.
TP.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

A BEM DA VERDADE 1

Faz muito tempo, eu tinha um Corcel II, azul-claro. E andava sorridente, sem consciência exata de sua cor, conquistando ou tentando consquistar as meninas do Rio de Janeiro. Um dia, uma felizarda, adentrou meu carro. Em meio às peripécias eróticas que vieram a acontecer dentro do veículo, ela deixou transparecer languidamente sua calcinha – epa! – azul, da mesmíssima cor do Corcel. Bêbado, como sempre estava naquela época, não gravei o nome da moça. Mas se perpetuou em minha cabeça e se espalhou pelo Rio de Janeiro a lembrança da agora denominada cor azul-calcinha de meu carro.

TONICO PEREIRA – UM ATOR IMPROVÁVEL
UMA AUTOBIOGRAFIA NÃO AUTORIZADA
Pg.389.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

IMPRÓPRIO COM SALADA DE INSANO


Certa quinta-feira, lá pelas 18h - que era o meu único dia de folga, em termos - depois de exaustivas negociações bancárias tentando rolar uma dívida e conseguir pagar outras tantas, chegam em casa meus filhos Antonio e Nina, sempre ávidos por uma brincadeira que inclua a minha exausta presença e participação. Adianto-me e proponho ao Antonio:

- Vamos brincar de comer um liquidificador!

Garanto que não esperava uma adesão a minha ideia de forma tão entusiasmada e urgente. Eis que Antonio irrompe pela sala com a parte de cima (o copo) do liquidificador pronto para comê-lo, após colocarmos pimenta e açúcar (por sugestão dele). Quase choro por ter tido a infeliz ideia, e mais ainda por ter insinuado ao meu filho um banquete imponderável. Tento me corrigir e falo:

- Antonio, foi uma brincadeira de um pai velho sem apetrecho físico para uma boa partida de futebol. Comer um copo de liquidificador, mesmo com pimenta e açúcar dentro não passa de um gesto impróprio e insano.

Ele apresentou uma carinha desapontada e depois abriu um sopro de argúcia.

- Pai, então vamos comer o ‘impróprio com salada de insano’! Eu vou chamar a Nina que está fazendo xixi no banheiro.

E saiu correndo.

- Nina, Nina! Vamos comer ‘impróprio com salada de insano’ com o papai!

Fico perplexo. E agora? Ouço a descarga da privada e os dois aparecem. Antonio alegre com o sorriso canhanha e Nina séria me perguntando:

- Pai, o que é ‘salada de insano’?

Vem a mim uma ideia que me daria tempo para pensar em alguma coisa que me livrasse daquela situação.

- Que tal irmos ao Parque dos Patins? Disseram-me que lá tem um ‘impróprio com salada de insano’ que é uma maravilha.

Lá chegando perguntava a todos os pipoqueiros e outros vendedores se tinham ‘impróprio com salada de insano’. Alguns nem chegaram a responder, outros olhavam de forma agressiva e simplesmente diziam que não. Frustrados, eu, Antonio e Nina, sentamos num banco. Nina já começava a choramingar e Antonio balançava as pernas como se dissesse ‘meu pai é um bobo’, quando vislumbro ao longe um vendedor de algodão doce. Gritei:

- Achei!

- Onde? Perguntou Antonio.

- Lá!

- Mas é algodão doce… diz Nina.

- Pois é, é impróprio porque sou diabético, não posso comer açúcar.

Fomos nos aproximando e de perto notei a presença de três algodões doces anilinados de verde, explodi de alegria:

- E tem três com ‘salada de insano’, são os verdes. Obrigado, amigo. Quanto custa os três ‘impróprios com salada de insano’?

Ele não fica chateado com a pergunta, apenas diz:

- 6 reais, os três. O que mesmo que o senhor disse?
- ‘Impróprio com salada verde de insano’.

E fomos nos lambuzando pela Lagoa até chegar em casa, prometendo uns aos outros não contar para a Marina que comemos algodão doce, mas ‘impróprio com salada de insano’! Muito mais adequado a minha diabete.

Tonico.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

ESCOLA


Um dia fui ao circo com Antonio e Nina, meus filhos menores. Lá vimos vários números arriscadíssimos, que envolviam a possibilidade presente e real de morte para seus executantes, os artistas. Deu-se o intervalo e, como num shopping, nos deparamos com uma praça de alimentação: pipoca, cachorro-quente, refrigerante, algodão-doce (ah, algodão-doce). E quem atendia nas barraquinhas? Quem? Os próprios artistas que se arriscavam por R$ 3,00 e um quilo de alimento não perecível. Esta era a concentração que exerciam para encarar de forma direta a morte que ronda os trapézios.

Enquanto isso, uma escola ‘moderna’ de interpretação (não contemporânea), que finge a morte, sem nenhuma possibilidade lógica de ela acontecer, propõe o silêncio, a abstinência total de qualquer razão, a sacralização, a abstração de um personagem que só se relaciona com ele mesmo, digno de um hospício, ah, que saco!...

Eu quero apenas um algodão-doce antes de entrar em cena, que me remeta à infância, e no palco encontrar um público amigo, para rirmos e chorarmos juntos.
T.P.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

ILUSÃO DE ANIVERSARIANTE

Eu sou um homem nato. Nunca fui à escola, mas frequentei a vida com 100% de assiduidade e algum percentual, que não sei quanto, de aproveitamento. Isso bastou para chegar aos meus 63 anos (22/06/11) com o corpo cansado sim, mas com a alma ainda recém nascida e disposta a eternidade (?), será ???
Tonico.

HAIKAI FUTEBOLÍSTICO

Vai Mário...!!! Caralho.
Tonico Futebol Clube.

NÓS

Não somos puros, nem impuros.
Somos homens com toda a grandeza e mediocridade que nos habita e move.
Tonico.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

NADA PESSOAL, PESSOAL. SOMOS DEUSES E DIABOS.

Hipocrisia*, não sei se é a palavra certa, talvez um pouco violenta, mas não me vem outra para definir o que acho de atores que visitam determinados ambientes para encontrar formas e maneirismos para compor os seus personagens. Isto, para mim, é apenas um escudo hipócrita, uma defesa para não admitir que o homem que ele é abriga todas as possibilidades dentro dele (o ser humano é capaz de tudo). Por melhor ou pior que sejam as solicitações de um personagem, o homem em si é a matéria-prima que alimenta essas necessidades e qualquer negativa de fornecer esta ou aquela matéria é uma discriminação com o ser humano, uma tentativa de se considerar melhor e superior as inúmeras possibilidades que só o ser humano pleno pode oferecer a ele mesmo. O resto é hipocrisia sim! E ao ator que assim agir e pensar só restará um personagem em toda a sua vida, ou seja, o hipócrita de plantão que existe dentro dele, discriminando as suas/minhas putas, cafetões, ladrões, assassinos, drogados, sapatões e veados, todos coabitantes da sua/minha alma. Essa discriminação é uma prática apenas moralista e não crítica que não deve habitar o homem e, mais ainda, não deve habitar aqueles que se pretendem artistas.

*A palavra deriva do latim hypocrisis e do grego hupokrisis, em ambos significa a representação de um ator, a atuação, o fingimento (no sentido artístico). Essa palavra passou, mais tarde, a designar moralmente pessoas que representam, que fingem comportamentos.
(fonte: wikipédia)

Tonico Pereira. Rato do seu próprio laboratório.

Tonico Pereira diz que chegou a maturidade.. mas também erra muito em sua autocrítica.


http://g1.globo.com/videos/globo-news/estudio-i/v/tonico-pereira-diz-que-chegou-a-maturidade/1526592/

quinta-feira, 2 de junho de 2011

A QUEM INTERESSAR POSSA, ESPECIALMENTE AOS CAMPISTAS COMO EU.

Sede de Cabrunco,
Fome de Lamparão.


“...Campos dos
canaviais, folhas
verdes, finas,
estruturais...”


Isto é parte de um verso que escrevi quando saí de Campos dos Goytacazes. Saía chateado, até mesmo com raiva, achando que Campos não tinha me dado a oportunidade de crescer e chegar a algum lugar que eu tinha a insegura certeza de que poderia chegar. Vim pro Rio e tentei tirar Campos da minha cabeça, do meu corpo, da minha alma, e jovem ainda achava que estava conseguindo, desapercebido que todas as vezes que eu necessitava de uma referência cultural para meus trabalhos, no cinema, televisão e teatro, as minhas memórias emotivas e fundamentais eram: Ururau da Lapa, caldo e cana caiana, boi pintadinho, Deixa que eu chuto, Mocidade Louca, Goytacaz, Mercado de Campos, Paraíso Perdido, Chuvisco, Goiabada Casacão e também as curvas do Paraíba da Lapa.

Foi justamente aí que descobri que os cortadores de cana não tinham dinheiro para a pasta ou escova de dentes, mas descascavam cana de açúcar com os dentes e conseguiam o sorriso branco que só não era invejado pela elite, porque pra ela, eles simplesmente não existiam, ou seja: Campos me fomentou uma consciência que me faz seguir pelo mundo, ora cabrunco, ora lamparão, mas sempre Campista.

Tonico Pereira.

sábado, 14 de maio de 2011

PRAZO DE VALIDADE

O ensino no Brasil, há muito tempo, não sobrevive em excelência, apesar da boa vontade de alguns (Anísio Teixeira, Paulo Freire e Darcy Ribeiro). A má vontade de muitos, que não gerenciam bem a matéria, às vezes por falta de recursos, outras por falta de vontade política ou por desonestidade mesmo, impede a excelência de sobreviver na nossa rede de ensino. A partir dessa constatação, resumida e verdadeira, resolvi sonhar com um ensino autossustentável financeiramente e que se fizesse interessante o suficiente para a vontade política torná-lo prioridade e includente de todas as classes sociais, sem lançar mão de um raciocínio cotista e simplista onde habita o berço/raiz da discriminação. Ao combater uma discriminação não devemos usar outra como linha de pensamento contrário, mas sim lançar mão de horizontes mais largos, como um verdadeiro Mandela, líder sim de um povo e não de uma raça - se é que existem raças onde sobrevive o homem.

Vou tentar agora materializar meu sonho com o meu parco conhecimento matemático, mas tendo a imaginação que Deus me deu como aliada. Salve a imaginação!

Seria mais ou menos assim: todos os formados em universidades federais, estaduais e municipais passariam a contribuir através de um carnê, de valor insignificante e apenas simbólico para quem contribui, mas de altíssima significância para o ensino brasileiro, e que não excederia a 1% de um salário mínimo por mês durante todo o tempo de vida profissional útil do ex-universitário (desde que empregado). Recursos estes que deveriam ser gerenciados por uma fundação de abrangência nacional e revertidos sistematicamente em caráter exclusivo ao ensino fundamental, médio e superior. Transformando em cidadãos a nossa juventude e funcionando como contrapartida automática e justa sem lançar mão de recursos discriminatórios (cotas) que nos levam - aí sim - ao conceito e aceitação de cidadãos de segunda classe, que nós brasileiros temos de recusar peremptoriamente, pois o que queremos é sonhar e realizar a integração maior do nosso povo, não só no carnaval e no futebol, mas, principalmente, nas salas de aula, essência maior do cidadão.

Eu reconheço no ser humano a capacidade de ser fundamentalmente e prioritariamente uno e só por isso me encorajo a ponto de externar a minha posição sincera e sem subterfúgios, mas é claro que existem urgências que necessitam ser sanadas imediatamente. Que não poderiam esperar o tempo necessário para implantação desta proposta, portanto, até lá, poderíamos conviver com o sistema de cotas, desde que tenha um prazo de validade de alguns anos proposto por alguém de direito e conhecimento.

O resto é anomalia e ignorância. E, mais uma vez, se me permitem brancos, negros, índios, imigrantes em geral, pobres e ricos: viva Mandela!

TONICO PEREIRA, ator, orgulhosamente miscigenado.

Texto publicado no jornal O Globo, dia 09/05/2011, Página de Opinião.

terça-feira, 3 de maio de 2011

AMIGA!!

!Amiga!

Definitivamente, sou um privilegiado. Não pelas benesses mesquinhas que o homem almeja em sua passagem pelos caminhos do mundo. Mas esses mesmos caminhos nos surpreendem com as suas rotas e nos fazem encontrar poucos – muito poucos – amigos (afinal temos algum caráter), porém todos da mais pura qualidade. Deveria agradecer a Deus por isso, mas meu Deus não tem a simplicidade de um Deus, mas a complexidade do homem. Sim, meu Deus é o homem, portanto: obrigado meu Deus / Homem, pelas minhas poucas e eternas amizades. Mas sou um iconoclasta convicto, e não me basta o Deus / Homem, eu quero mais, eu tenho mais. Simplesmente meu Deus é mulher, plural, único, definitivo e fundamentalmente presente, sem precisar que eu lhe dirija orações de súplicas. Um deles (delas) estar sempre presente, me ilumina com sua sensibilidade, professora de solidariedade que é, como estrela-guia, guia meus passos na imensidão da insensatez – não que eu peça (às vezes peço), mas porque fundamentalmente preciso, e como Deus, ela sabe disso, mesmo que eu ainda não saiba. A imagem mais próxima que tenho dessa Deusa / Mulher é a de uma penugem de ganso, diafanamente sendo levada pelos ventos e que jamais deve tocar o chão para que não se torne impura – quem sabe purificaria o chão? – e na dúvida, ventos, levem-na para o alto, sempre e sempre, afinal o céu é o lugar definitivo dela.
Faz 42 anos que adotei esta religião, a do Deus / Supremo / Mulher, e quem me faz crédulo, e quem me faz esperançoso, foi especificamente esta Deusa / Mulher: Imara Reis. E como ela não gosta de orações – eu sei – faço uma oração disfarçada em agradecimento...

... obrigado, Imara, por sua máxima, máxima, máxima amizade.

Tonico Pereira


Escrevi este texto para que constasse da biografia da Imara, o que muito me honrou, mas ainda, quando li a biogafia. Um painel preciso de uma época que sobrevivemos juntos. IMARA REIS, VANFILOSOFIA da Coleção Aplauso, editora Imprensa Oficial.

T...

sexta-feira, 22 de abril de 2011

A BOLHA


Escrever é uma possibilidade real de enganar a solidão, pra mim é, mas nem sempre isto se dá, às vezes não basta, e me ponho a escrever com um sentimento profundo de vazio, bombardeado por situações que me envolvem dentro de uma bolha que não deixa com que eu me relacione com o de fora e, ao mesmo tempo, me pergunto: será que valeria a pena? São roubos, assaltos, crianças chacinadas, hipocrisia, mentiras, dureza, juros, exploração, meu time na terceira divisão. Talvez seja melhor que essa bolha se solidifique em volta de mim, tornando-se aço, intransponível, contanto que me permitam caneta e papel, para que a minha solidão seja em relação ao mundo, mas nunca em relação a mim mesmo.
Tonico.

TOXOPLASMOSE NA TV



Senhores e senhoras:


A ignorância na dramaturgia, assim como a sapiência são usados pelo autor(a), para traçar alguma característica de um personagem qualquer, portanto, exigir que um personagem de ficção seja suficientemente sabido e informado, ou ignorante e desinformado, nos impõe uma premissa que acabaria com a arte, e passaríamos, por exemplo, a matar nas ruas, quem faz papel de bandido na televisão. Calma gente!!! A idiossincrasia comportamental é que nos faz mais humanos e originais, portanto vamos aceitar como aceitamos nos nossos pais e filhos, que eles não saibam como a toxoplasmose se transmite. Compreendamos que exista quem não saiba; afinal, não estamos em um congresso de veterinários, mas diante de uma obra de ficção. No caso, mas vale o sentimento de uma grávida ter medo de contrair a doença atingindo o feto; do que saber entender cienficamente todas as etapas desta infecção.

NA ARTE, VALE MAIS O SENTIMENTO QUE O CONHECIMENTO!!!
É a minha modesta opinião.

Tonico.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

AVISO!

O Lar das Crianças Pobres da Lagoa Rodrigo de Freitas, mais uma vez, encontra-se em dificuldades financeiras extremas, dívidas com a Receita Federal, Estadual e Municipal, Bancos e Comércio em geral inviabilizam o seu dia a dia, na eminência de um caos total e irreversível, lançamos mão do nosso mais conceituado produto, reconhecido nacional e internacionalmente, e o que antes era apenas para uso interno, oferecemos ao público em geral - atores, bailarinos e afins -, democratizando o nosso conhecimento a um custo barato (dada a grandeza do produto), acessível a todos e que reverterá, integralmente, ao custeio da dívida da instituição citada no início.

Sem mais delongas, vamos ao produto propriamente dito:


terça-feira, 22 de março de 2011

SALVE JORGE!

Sou um ator de aluguel. Talvez muitos não saibam disso, mas não importa, eu sei, e isso me basta para reger as minhas relações com a profissão. Isso também me permite ser ignorante em se tratando de leis de incentivo; até agora nunca usei e gostaria de poder dizer não usarei, mas o futuro não me é dado a conhecer antes que ele aconteça. Mas vamos ao que interessa, como já disse sou um ator de ofício, sem essa de artista, estado que podemos alcançar, se alcançarmos, em um segundo, numa pausa, num gesto, depois de três meses de ensaios, de um ano de apresentações, onde só o ofício vigora exercendo a pretensão de estarmos vivos, para nos tornarmos Deus quando este segundo acontece. Gosto de ter opinião, gosto de emitir minha opinião, mas não consigo caricaturar ninguém com adjetivos advindos de uma visão mesquinha, só para parecer, a mim mesmo, mais forte e inteligente, apesar de estar escudado numa casamata chamada internet/computador, que protege e esconde. Pela prática do meu ofício, entendo um pouco do ser humano. Não conheço a Maria Bethânia pessoalmente, mas conheço a sua obra, e gosto. Não conheço os custos de uma produção, apenas o que me cabe como salário, que não é muito. Não tenho partido político, apenas votava com prazer maior quando Brizola vivia. Mas pelo pouco que conheço do ser humano e por alguns contatos que tive com Jorge Furtado, aceitando inclusive que ele talvez possa exagerar na defesa de suas idéias, posso garantir que ele não merece, nem por sua obra, que já atingiu vários momentos de arte, nem por sua pessoa, inteligente, culta, talentosa, trabalhadora (e amante do vinho), os adjetivos peçonhentos a ele dirigidos neste embate que deveria ser de idéias, para que todos pudessem melhorar como diretores, atores, autores, produtores e platéia. Poderia depor contra este meu posicionamento o fato de eu já ter sido contratado algumas vezes pela Casa de Cinema de Porto Alegre e que eu estaria pavimentando outras contratações, mas quem me contrata convive com as minhas opiniões e direitos, por isso, sempre que trabalho longe do meu Rio levo no bolso o dinheiro vivo que poderá me trazer pra casa em caso de uma incompatibilidade maior. Jorge, portanto, sabe quem ele está contratando e os riscos que corre.

Salve Jorge!
Tonico Pereira.

VEÍCULO DO PASSADO, MEUS PÉS, E DO FUTURO TAMBÉM.

Nos meus sonhos ideais não ultrapasso os limites de onde os meus pés podem me levar. Por exemplo, nos meus sonhos consigo, no máximo, dar uma volta inteira na Lagoa Rodrigo de Freitas, com uma felicidade extrema. Mas, infelizmente, a vida não é só feita de sonhos, existem os pesadelos, e eles tem que ser enfrentados e superados, pois os vencendo posso sustentar meus filhos, meus vinhos (BB), e, ocasionalmente, receber na minha sala pessoas amigas que gosto muito de ter por perto. Pois é, para gozar desses pequenos prazeres tenho que entrar num avião insensível que ignora os meus sentimentos de repulsa e me leva sob o domínio do medo, sequestrado, aos meus destinos de sobrevivência - uma peça em Porto Alegre, um filme no Amazonas, um programa de TV em São Paulo - e lá vou eu, mudo, calado, procurando justificar minha presença naquele vôo com a necessidade de pagar os vários cursos de Antônio e Nina, afinal, eles têm uma agenda de executivos de alto nível, e eu, ao partir para qualquer um desses destinos, só me reconheço na possibilidade de voltar a pisar o chão do Rio de Janeiro. E dar a minha volta triunfal na Lagoa, como um pai que conseguiu pagar mais um mês de colégio, agradecendo aos céus, fundamentalmente, por meus pés, pela possibilidade de me levarem para onde eu possa ir com o máximo de felicidade possível.

Antônio e Nina, papai chegou!
Beijos, Tonico.

...?TECNOLOGIA?...

Não me agrada a tecnologia. E quanto mais alta, mais baixa a minha admiração. Não acho que o homem deve ir além dos seus recursos naturais e artesanais, estes sim o verdadeiro progresso. Estamos neste momento vivendo mais uma tragédia, enquanto natural, é terrível, mas natural, somos homens convivendo com o perigo que é simplesmente viver. Podemos correr dele, nadar para longe dele, ou enfrentá-lo com socos e pontapés, mas eu nunca vi ninguém dizer que escapou de um desastre aéreo ou radioativo pelo seu belo condicionamento físico e mental, ou seja, um desastre aéreo é covarde em sua essência. Quer coisa mais covarde do que você lutar contra um terremoto com todas as suas forças, sobreviver, lutar contra um tsunami, sobreviver, e depois - naquele cenário desolador, onde vários mortos naturais o cercam, você se sente vitorioso por ter ganhado a guerra - mas ao respirar fundo comemorando o dever cumprido, o maior que cabe a espécie humana que é sobreviver, neste prosaico respirar, sem nenhum ato de violência aparente, você é contaminado por partículas atômicas de alta tecnologia. E você, que salvou seu filho das intempéries naturais, morre junto dele, sem poder correr da nuvem radioativa tecnológica, sem poder dar-lhe um soco na cara, sem poder xingar, apenas morre, sem nem lágrimas de reação.

Tonico.

quarta-feira, 16 de março de 2011

terça-feira, 15 de março de 2011

LAR DAS CRIANÇAS POBRES DA LAGOA

Quero deixar claro que criei meu blog (ou criaram pra mim) só para exercitar o meu analfabetismo crônico, fazendo dele uma diversão, nem sempre saudável, nem sempre inteligente, mas, fundamentalmente, nunca politicamente correto. Isso me gerou um compromisso de sempre postar alguma coisa, essa é uma exigência que paira no ar e que eu me cobro como um patrão insensível, trabalho, trabalho, trabalho. Coisa que não consigo fazer de graça por uma questão de princípios e, também, fundamentado na minha miséria econômica e espiritual. Portanto, quero arregimentar, ou melhor, preciso arregimentar mais seguidores, o que, após alcançar um certo número, poderá interessar algum patrocinador tão analfabeto quanto eu, ou alguém que queira erradicar esse analfabetismo da minha alma patrocinando estes garranchos vazios de idéias e imprecisos de forma, onde só reside a necessidade, de mesmo sem saber, opinar, opinar, opinar. Claro, sem influências de um possível patrocinador.

Obs.: Não se trata de um pedido de dízimo, o que me colocaria em igualdade com qualquer bispo de qualquer igreja, mas de algo que resultará em um patrocínio para o Lar das Crianças Pobres da Lagoa.

Por favor, siga-me e não se arrependerá!

Tonico.

BETINA: O TREMA É TEMA

A única coisa que me move imperiosamente no sentido de escrever um texto é uma solicitação pura e límpida da minha emoção. Como todos sabem sou analfabeto, mas escrevo, ora, como isso é possível?

Escrever é um ato erudito, mas ao tomar conhecimento de que a minha língua foi castrada, quando aboliram o Trema (porque o Trema meu Deus???), questiono e fico sem uma resposta sábia e racional. Eu só sinto a sua falta. Quando a minha língua/dental não se encontrar mais estarei cerceado dos meus prazeres sexuais mais vibrantes e gostosos.

Experimente, então, pronunciar comigo, nem que seja pela última vez: Trema, Trema, Trema! Não é Tremendamente gostoso? Pois é, está abolido da língua portuguesa. Mas eu me revolto e digo: Não aceito! Quem quiser que expulse-o, mas no meu blog, na minha língua, com freqüência ele continuará me dando prazer.
Obrigado Betina,

Tonico Pereira
(Tremam! Com a respiração ofegante!)

terça-feira, 1 de março de 2011

Venha, venha, irmão!!!

Converta-se ao analfabetismo, uma religião sem dízimos, que só espera de você a audácia de discutir qualquer coisa sem nenhum conhecimento, ou seja, uma participação digna de um burro com iniciativa.
Aleluia Irmão!
Bispo Tonico Pereira.

Beleza + Inteligência + Loucura = Coquetel de Equilíbrio e Felicidade!

Sou um privilegiado, nasci num mundo insano, se fosse ao contrário, tenho certeza, eu não teria sobrevivido. As mulheres, por exemplo, só casei, vivi e namorei com mulheres lindas, do meu ponto de vista, invariavelmente inteligentes, e, invariavelmente, loucas. Nunca consegui conversar por mais de dois minutos com uma mulher que não tivesse estes três predicados. Lindas, eu via logo que as olhava. Inteligentes elas demonstravam ser de imediato, me preferindo a outros homens. E loucas, elas teriam a vida inteira para demonstrar essa idiossincrasia benigna e deliciosa. Mas as mulheres, sempre ou quase sempre, tem verdadeiras crises de burrice e me abandonam, e só me resta partir a procura da beleza (do meu ponto de vista), da inteligência e da loucura, onde encontraria, então, mais uma vez a felicidade, por um tempo não determinado.
Tonico.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

PRETO E BRANCO

Nas minhas remotas lembranças a minha Campos é preto e branco. Meu avô era preto e branco, Dindinha era preto e branco, tio Antoninho cantava serestas no chuveiro e a música também era preto e branco. As cores foram entrando na minha vida aos poucos, gradativamente, mas nunca me sensibilizaram tanto quanto as matinês no Trianon. Oscarito e Grande Otelo (nada mais preto e branco), o Gordo e o Magro, Chaplin, Zorro, Roy Rogers, todos sem um pingo de cor, todos preto e branco. No Cine Capitólio, na rua da casa de Rosane Sampaio, onde nos reuníamos adolescentes para ver o filme do dia (seriado) e para trocarmos gibis, Fantasma, Zorro, Mandrake, etc, etc. Tudo preto e branco.

Certa vez, fui obrigado, por ser o mais velho, a levar meu irmão Zé Carlos ao cinema e como vingança elaborei a possibilidade de que uma flecha dos índios pudesse sair da tela e alcançá-lo na cadeira. Com um medo preto e branco, ele passou o filme todo agachado atrás da poltrona sem ver nada.

Querem saber, acho que não cheguei a me tornar colorido até hoje.
Eu sou um autêntico preto e branco.
Tonico.
O FUTURO É APENAS UM SONHO ÁVIDO POR SE TORNAR PRESENTE.
T.

ADEUS ARCOZÊLO


11:40h do dia 29/01/2011. Estou no sítio da família da minha mulher, o clima é de despedida, o sítio foi vendido, Marina resiste o quanto pode e quando não resiste chora melancólica. As crianças, Antônio e Nina, ignoram a iminência da perda e brincam na piscina como se aquele mundo jamais fosse acabar. No entanto, há 46 anos Marina vive com esse pomar de frutas deliciosas (mangueiras, jaqueiras, abacateiros, palmeiras imperiais) e, fundamentalmente, com o ar precioso que Arcozêlo nos lança aos pulmões de forma sistemática e generosa. Marina sofre, e com razão, despedidas nos proporcionam um dos piores sentimentos que nos impõe a vida. E se ela for bem vivida, isto pode ser aferido pela quantidade absolutamente enorme de despedias com que nos depararemos, até o dia em que se despedirão de nós e, então, passaremos a ser apenas lembranças nas histórias dos outros.
Esta noite não tomei nem tomarei vinho e escrevo sem a inspiração que ele me proporciona, mas apenas contaminado pela melancolia de Marina, afinal, tentamos ser cúmplices em nossas vidas e eu tenho que me despedir também. Vá Arcozêlo, hospedar outros hóspedes, enquanto que você será hóspede eterno em nossas lembranças felizes.
E me dirijo ao banheiro, para me despedir de forma plena.
Tonico.

domingo, 30 de janeiro de 2011

DA SÉRIE: BANHEIRO

NÃO CONQUISTEI O TONY RAMOS E ACABEI PERDENDO O PEREIO!


Se me perguntassem se tenho inveja de alguém, eu diria sem pestanejar: do Tony Ramos, mas me faltam inúmeras qualidades, que eu não conquistaria nem se Deus me desse a oportunidade de viver 200 anos. Já tentei me aproximar dele para aprender alguma coisa, mas, como um peixe magnânimo de um mar insondável para mim, ele se mantêm numa distância segura, olhando-me sorridente e simpático, e, talvez, se indagando, “o que esse desajustado quer comigo?” Eu também sorrio e me deixo levar pelas ondas que me afastam, neste movimento aproveito, olho pro céu e digo: “mamãe eu tentei.” Nado até a praia e avisto, sentado numa espreguiçadeira e tomando cerveja, meu amigo Pereio, que me olha por cima dos óculos e diz: senta aí, vai cerveja? Eu respondo: Pereio, tenho que te confessar, tentei mais uma vez, há dois minutos atrás, que não mais fôssemos má companhia um para o outro, minha mãe, lá em cima, é testemunha (olhando para o céu), “não foi mamãe?” Neste momento o céu soluça e chove lágrimas de mãe desesperada e eu digo: Pereio, agora eu tenho que ir ao banheiro, mas a noite que tal um vinho BB (bom e barato) lá em casa? Por favor aceita, que eu estou muito rejeitado. Pereio me olha com uma cara elaboradamente marginal e diz: vinho...vinho, um só? Vamos tentar. Eu agradeço feliz e saio correndo impulsionado por um motor 3.0 Diesel que habita em meu intestino em direção ao banheiro mais próximo, atravesso a areia acionando a tração nas quatro, o asfalto, e chego a Fiorentina. Afinal, o banheiro. Lá, já sentado e descarregado, me acalmo e penso, “Meu Deus, esqueci de dizer ao Pereio onde estou morando agora”, e chego a infeliz conclusão: não conquistei o Tony Ramos e acabei de perder o Pereio.


Toni... co.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

AVISO!

Impossibilitado de escrever por razões médicas (diarréia de Fortaleza), Tonico Pereira, vestindo uma fralda geriátrica, convida aos que estão com saudades de seu texto ferino e de bom gosto, que assistam a uma entrevista inédita que irá ao ar no dia 30/01 - domingo, às 18h no Canal Brasil (66).

Com licença, que agora tenho que voltar ao banheiro...

T...

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Feliz 2011 motivos para seguir Tonico!!

Entrevista

http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/livros/tonico+pereira+trago+seu+personagem+em+tres+dias+ou+o+seu+dinheiro+de+volta/n1237934629252.html

Idosa reflexão de um homem na contramão

No meu tempo de vida de ator pretensamente (?) sério, que vem do final dos anos sessenta, de todo os oitenta, de todo os noventa e de todo os 2000, recomeçando agora em 2011 (Salve!), sempre fui ávido por um telefonema - isto quando passei a ter telefone, em meados da década de 70. Continuo excitado quando ele toca, pode ser um filho em dificuldade ou um chamado de trabalho, o que, para um ator de aluguel, sem projetos próprios, se anuncia como a possibilidade de viabilização financeira por mais um dia, uma semana, um mês. Não consigo conter as batidas eufóricas do meu coração e parto em direção ao ruído telefônico que, por seus misteriosos motivos, está sempre longe do alcance dos meus braços, e o atendo sempre com o comportamento de um ser humano iniciante.
Hoje constato que o telefone se popularizou de forma infinita, são celulares, fixos, rádios e etc, etc, etc. No entanto, na minha profissão, parece que só eu ainda corro a atendê-lo, em seu chamado anacrônico. Noto também que atores jovens, mesmo ainda não bem sucedidos, ignoram o seu chamado com um desprezo absoluto, alguns, já experientes, que, por exemplo, já fizeram malhação na Globo por um ano, parece que não sabem falar através deles e quando a secretária dos mesmos nos atende indica o telefone de um empresário.
Como eu gostaria de ouvir a sua voz, amigo jovem, sem intermediários, de preferência sem telefones, mas olho no olho, até aceito uma carta, tem mais pessoalidade e responsabilidade. Observo que o primeiro agrado da mídia os leva, quase que invariavelmente, a trocar o nº do telefone e, como filtro maior, colocar o nº do empresário para procurá-lo (la). E a mim cabe a frustração de não poder dizer: que belo trabalho você fez ontem, que entrevista maravilhosa, que cena; ou então, simplesmente dizer: te amo.

Tonico (Ator, 62 anos, que em momentos de solidão já comemorou até a chegada da cota de luz, gás e telefone. Um telefonema sempre foi o equivalente a constatar a minha própria existência).
Eu não escrevo e nem atuo por profissão, mas sim por emoção. De vez em quando isso me sustenta e eu sobrevivo mais um pouquinho.
T.
A realidade não existe, a poesia sim. A realidade é apenas uma quimera disputada por porcos num chiqueiro, já a poesia atravessa os tempos...
T.

Um verdadeiro e sombrio teste de inteligência

Ultimamente tenho observado várias discussões nos jornais, na televisão e até mesmo nos livros, nas quais cientistas políticos, com alto grau de conhecimento acadêmico, enquadram o poder conquistado democraticamente através do seu determinismo sufocante e, ao mesmo tempo, pedante, como se o conhecimento escolar fosse capaz de, com a sua visão a partir da Sorbonne, entender, na mais crua prática, o homem que governa, a partir do ponto de vista do estômago faminto do brasileiro.

Não há possibilidade. São linhas paralelas, não se encontram jamais, apenas seguem em frente como paralelas que são. A solução ou junção destas linhas só se dará quando estes acadêmicos entenderem que sabem muito, mas não tudo e se abrirem humildemente para ouvir e, por conseguinte, aprender, que a verdade não se dá apenas no sabido, já conquistado e transformado em casa mata como proteção do seu estado enganoso e cruel de poder. Seria necessário, com o coração aberto e puro das crianças saudáveis, procurar ver que o trabalhador, com a sua vivência operária, também pensa. Muitas vezes pragmaticamente, afinal a fome para ele não é um sofisma universitário, mas uma verdade que dói no estômago e mata seus filhos no dia a dia impiedoso onde estes intelectuais só tem acesso através de estatísticas frias, sem a emoção ruminada pelo estômago vazio.

Senhores acadêmicos, a maioria do povo brasileiro, inteligentemente, já entendeu isso e votou conforme o seu entendimento. Espero que os senhores refundem as suas escolas levando em conta que num livro se perpetuam pontos de vista não, obrigatoriamente, imutáveis e aceitem que o povo é capaz.

A partir disso, proponho um teste final de inteligência: que cada um dos senhores troque de papel com um assalariado mínimo qualquer. Tenho certeza que o trabalhador sobreviverá com sobras, enquanto que os senhores, com quinhentos e quarenta reais, morrerão de inanição junto com seus familiares, pois lhes faltará inteligência para administrar e viver com tão parcos recursos.

Tonico.

Psico Piada

O psicanalista ou psiquiatra é um manipulador emérito de resultados, se ele for bom, será sempre a nosso favor.

Tonico, o grato analisado.